sábado, 18 de fevereiro de 2012

Sentidos (Letícia Lino)

Quero suas mãos tocando-me por inteira
Acolhendo-me junto ao seu peito
Sem se importar com o meu jeito

Envolve-me numa aura louca
E toma-me sem pudor
Entregar-me ei como nunca
Do jeito que sempre sonhou.

E como quem entrega as cartas no jogo
Entrego-me a ti por inteira
Sem medo, sem reservas,
Sem timidez, sem brincadeira.

Aguce todos os meus sentidos
Quero sentir além das sensações
Arranque de mim suspiros e gemidos
Sem se importar com as minhas reações.

Dê sentido ao meu de jeito mulher
Deixe o seu gosto doce em minha boca
Liberte a fera adormecida em mim
Beije-me toda e me deixe louca.
Folha ao vento (Vulgo Mini)

Mais uma vez estava ela a bailar
Sem ensaiar seus movimentos
Só que dessa vez
Não estava presa a um galho
Estava livre!

Livre de tudo...

De tudo que poderia lhe tornar prisioneira
Presa e infeliz.

Sentia-se de fato livre
E também a emoção da liberdade
Jogada de um lado para o outro
Nem se importava com nada...
Com nada mesmo!

Apenas queria ser carregada pelo vento
Vento esse que só sentia
Quando estava presa àquele galho!

Mas que agora a jogava
Pra lá e pra cá
Ora aqui
Ora ali
Ora no chão, ora no ar!

Nunca ensaiou seus movimentos
Dançava, não porque gostava,
Mas porque era preciso,
Por necessidade.

Sabia que dali pra frente
Seu destino era incerto
Paradeiro incerto
Porém, desprendida de tudo!

Tornou-se só e independente
Sem laços
Dona de uma tal proeza

Sofria com os revezes do tempo
Mas feliz!
Porque sabia que um dia
Voltaria para a natureza!
Arco e flecha (Vulgo Mini)

Eu sou flecha na imensidão
Lançada pelo arco do tempo
Indo além dos limites
Rasgando o vento

Flecha que flutua
Que corta
Rasga
E fere o ar

Sigo em direção ao horizonte
Ponta fina, aguda e cortante
Impulsionada pelo vento
Numa velocidade singular

Sigo avante solitária
Numa trajetória incerta
Com um ponto de partida
Mas sem saber qual a chegada

Se há alvo eu não sei
Se há um ponto para atingir não me lembro
Só sei que sou livre...
Sou flecha lançada pelo arco
Na imensidão do tempo!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Parte de mim (Vulgo Mini)

Eu nego-me passar em branco nessa vida
Nego-me não deixar pegadas por onde eu passar
Porque cedo ou tarde
Sei que não estarei mais aqui
Pisando nesse solo
Sentindo a brisa que sopra em meu rosto
E tendo as mais diversas sensações
Que um ser humano possa ter.
O que levarei só eu sei
E o que deixarei somente você vai saber...
Se fui bom filho
Se fui bom pai
Se fui bom amante e esposo
Se fui bom amigo confidente
Se fui um grande mau caráter para alguns
Ou uma boa companhia para alguém!
Algumas coisas somente eu saberei
E outras caberão a outros saberem.
Mas nego-me a passar em branco nessa vida
Portanto deixo aqui um pouco de mim nessas linhas
Um pouco da essência do meu ser
Ser errante, simples caminhante
Poeta que vive, mas morrerá
Mas nega-se a passar nessa vida por passar!
Porque parte de mim
Subsistirá quando eu morrer!